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BUDDHA



 

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Buda (Sânscrito-devanagari:, transliterado Buddha, que significa Desperto, Iluminado, do radical Budh-, "despertar") é um título dado na filosofia budista àqueles que despertaram plenamente para a verdadeira natureza dos fenômenos e se puseram a divulgar tal redescoberta aos demais seres. "A verdadeira natureza dos fenômenos", aqui, quer dizer o entendimento de que todos os fenômenos são impermanentes, insatisfatórios e impessoais. Tornando-se consciente dessas características da realidade, seria possível viver de maneira plena, livre dos condicionamentos mentais que causam a insatisfação, o descontentamento, o sofrimento.
Do ponto de vista da doutrina budista clássica, a palavra "Buda" denota não apenas um mestre religioso que viveu em uma época em particular, mas toda uma categoria de seres iluminados que alcançaram tal realização espiritual. Pode-se fazer uma analogia com a designação "Presidente da República" que refere-se não apenas a um homem, mas a todos aqueles que sucessivamente ocuparam o cargo. As escrituras budistas tradicionais mencionam pelo menos 24 Budas que surgiram no passado, em épocas diferentes.
O budismo reconhece três tipos de Buda, dentre os quais o termo Buda é normalmente reservado para o primeiro tipo, o Samyaksam-buddha (Pali: Samma-Sambuddha). A realização do Nirvana é exatamente a mesma, mas um Samyaksam-buddha expressa mais qualidades e capacidades que as outras duas.
Atualmente, as referências ao Buda referem-se em geral a Siddhartha Gautama, mestre religioso e fundador do Budismo no século VI antes de Cristo. Ele seria, portanto, o último Buda de uma linhagem de antecessores cuja história perdeu-se no tempo. Conta a história que ele atingiu a iluminação durante uma meditação sob a árvore Bodhi, quando mudou seu nome para Buda, que quer dizer "iluminado"
Existe uma passagem nas escrituras [Anguttara Nikaya (II, 37)] - a qual é freqüentemente interpretada de maneira superficial - na qual o Buda nega ser alguma forma de ser sobrenatural, mas esclarece:

"Brâmane, assim como uma flor de lótus azul, vermelha ou branca nasce nas águas, cresce e mantém-se sobre as águas intocada por elas; eu também, que nasci no mundo e nele cresci, transcendi o mundo e vivo intocado por este. Lembre-se de mim como aquele que é desperto."

Com isso ele rejeitava qualquer possibilidade de ser tomado como um Deus, mas reafirmava a característica transcendente da sua vivência espiritual e do caminho de libertação que oferecia para os demais seres. Nesse sentido, o Buda exerceu um papel importante de democratização da religião que, até então, estava sujeita ao arbítrio da casta dos brâmanes.
Para Sidarta Gautama não há intermediário entre a humanidade e o divino; deuses distantes também estão sujeitos ao carma em seus paraísos impermanentes. O Buda é apenas um exemplo, guia e mestre para os seres sencientes que devem trilhar o caminho por si próprios.
Dentre as religiões mundiais, a maioria das quais proclama a existência de um Deus criador, o budismo é considerado incomum por ser uma religião não-teísta. Para o Buda, a chave para a libertação é a pureza mental e a compreensão correta, e por esse motivo ele rejeitou a noção de que se conquista a salvação implorando para uma deidade distante. De acordo com o Buda Gautama, a felicidade Desperta do Nirvana que ele atingiu está ao alcance de todos os seres, porém na visão ortodoxa é necessário ter nascido como um ser humano. No Tipitaka - as escrituras budistas mais antigas - fala-se dos numerosos Budas do passado e suas vidas, bem como sobre o próximo Bodhissatva, que é chamado Maitreya.




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A ORIGEM


Por volta de 600 a.C., a Índia estava dividida em pequenos reinos e havia cerca de 16 no vale do Ganges. Havia uma grande diversidade de idiomas, muitos dos quais presentes até os dias de hoje. O reino ariano dos Shakyas, um clã de casta guerreira, localizava-se entre o norte da Índia e as montanhas do Himalaia, no sul de Nepal.
Naquela época, Shakya era governado pelo rajá Shuddhodana Gautama. O rei era casado com duas primas, filhas do rajá Dandapani do reino de Koliya. Apesar de quererem ter filhos, não conseguiram tê-los e já tinham perdido as esperanças. Shuddhodana já estava com mais de 50 anos e sua esposa tinha a idade de 45. Certa vez, a bela Maya-devi Gautami — a esposa mais velha de Shuddhodana — teve um sonho cheio de sinais auspiciosos. Os sábios astrólogos brâmanes interpretaram-no como o prenúncio do nascimento de um filho prodigioso: ele seria um grande imperador se vivesse no palácio de seu pai, ou um asceta se renunciasse ao trono.
Desde aquela época, já existia na Índia uma grande variedade e rivalidade de práticas religiosas e escolas de pensamento. Era nesse ambiente que iria nascer o herdeiro do rei e da rainha Maya. O rei ficou ao mesmo tempo esperançoso e preocupado. Ele não queria que seu filho se tornasse um asceta andarilho, mas sim um imperador, que pudesse solucionar os problemas do reino de Shakya e que aumentasse o poder do seu clã.



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O NASCIMENTO


Ao fim de sua gestação, Maya seguiu a tradição indiana e viajou para a casa de seus pais em Kapilavastu, a fim de ter o seu filho lá. O filho de Maya nasceu em Lumbini, um jardim de árvores Shala localizado entre as cidades de Devadaha e Kapilavastu. No alvorecer do 8º dia do 12º mês lunar de 563 A.C., sob uma grande árvore, a rainha deu a luz a um belo menino.
O recém-nascido recebeu o nome de Siddhartha Gautama (aquele da família Gautama que realiza suas metas). Um velho eremita chamado Asita foi vê-lo e descobriu vários sinais no corpo do menino, confirmando as previsões de um futuro promissor.
Maya faleceu uma semana após dar a luz e Siddhartha passou a ser cuidado por sua tia, Maha Prajapati Gautami, que futuramente se tornaria a primeira monja budista. A partir dos 7 anos, o príncipe Siddhartha começou a ser educado por grandes professores, como o brâmane Vishvamitra, que lhe ensinou a ler e escrever. Entretanto, Vishvamitra ficou tão impressionado com o desenvolvimento extraordinário do menino que preferiu deixar de ser o tutor de Siddhartha, alegando ter um conhecimento muito limitado para poder educá-lo.
Durante os 7 anos seguintes, o príncipe estudou astronomia, geografia, textos clássicos e seus comentários, filologia, matemática, música, dança, composição, pintura e outras artes.



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A ADOLESCÊNCIA

Quando chegou à adolescência, recebeu de seu pai três palácios: um de mármore para o verão, um de cedro para o inverno e um de ladrilhos para a época das monções. Lá desfrutava das melhores comidas, bebidas, vestimentas e todo tipo de prazeres. Um dos palácios tinha nove andares, o segundo tinha cinco andares, e o último tinha três. Eles eram rodeados por jardins de flores perfumadas, árvores cheias de pássaros, fontes de água pura e cristalina, pavões e outros animais.
Após vencer um torneio por volta dos 16 ou 17 anos, Siddhartha casou-se com Yashodhara Devi, filha do rajá Dandapani de Koliya (ou do ministro Mahanama) e foi presenteado com o belo palácio de Visharamvan. Neste torneio, o príncipe exibiu toda a sua excelência em literatura, gramática, arco e flecha, montaria, esgrima e luta. Segundo algumas tradições, Siddhartha casou-se também com Gopa (ou Gopika) e Mrigaja, mas foi com Yashodhara que ele teve seu único filho, Rahula (cujo nome significa "grilhão"). Além delas, Siddhartha teria tido também um grande número de cortesãs à sua disposição. Aos 18 anos de idade, durante uma cerimônia realizada no 8º dia do 2º mês, Siddhartha foi ungido com as águas de quatro mares, recebeu o selo real e foi investido como príncipe herdeiro do reino de Shakya.



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O CAMINHO DO DESPERTAR



Com a idade de 29, Siddhartha convenceu o seu pai de que já era o momento de conhecer o mundo; o príncipe nunca tinha saído dos palácios. Acompanhado pelo cocheiro Channa, o príncipe saiu de carruagem para conhecer a cidade. O rei Shuddhodana tentou evitar que seu filho presenciasse qualquer cena desagradável e mandou varrer e camuflar a cidade, além de esconder as pessoas que sofriam. Mesmo assim, em pontos diferentes do trajeto, ele acabou se deparando como um velho enfraquecido, um doente sofrendo, um morto sendo cremado e um asceta errante. Muito entristecido e angustiado com tudo o que viu, retornou ao palácio de seu pai, discutiu com ele e decidiu abandonar seu luxuoso estilo de vida. Ele decidiu trocar tudo o que tinha pela busca do caminho que leva ao fim do sofrimento.
Apesar da vigilância ter sido reforçada para evitar a fuga do príncipe, numa escura noite quando todos dormiam, ele acordou o cocheiro Channa e fugiu pela muralha do norte, cavalgando seu rumo às margens do rio Anoma, no leste.
Channa não gostou da idéia e, apesar das insistências, não conseguiu convencer o príncipe a retornar. Siddhartha queria descobrir uma maneira de eliminar os sofrimentos do mundo. E como nem mesmo sua riqueza poderia livrá-lo da doença, velhice e morte,  decidiu renunciar à luxuosa vida palaciana e se entregou à austeridade da vida ascética.
Ele ordenou que Channa retornasse para dar a pérola de seu turbante a Shuddhodana, seu colar a Prajapati e seus ornamentos a Yashodhara. Como símbolo de sua renúncia,  cortou seus longos cabelos com uma espada.
Depois de passar uma noite com o asceta Bhargava, ele encontrou os brâmanes Alara Kalama e Udraka Ramaputra. Nas colinas Vindhyan de Rajagriha, no reino de Magadha, Siddhartha aprendeu técnicas avançadas de meditação muito rapidamente. Porém, os brâmanes não conseguiram responder às dúvidas de Siddhartha quanto à natureza do eu, nem mostrar o caminho que leva à extinção total do sofrimento.
Durante seis anos, Siddhartha praticou o ascetismo na floresta de Uruvilva em Rajagriha. Para comer, tinha apenas um pouco de arroz. Para beber, tinha a água da chuva. Estava acompanhado por outros cinco ascetas, que teriam sido discípulos de Udraka Ramaputra.
De tempos em tempos, o rei enviava oficiais até lá para tentar convencer o príncipe a retornar; entretanto, eles não tiveram sucesso. Algumas tradições afirmam que os cinco ascetas eram filhos de cinco elevados ministros de Shakya, enviados até lá pelo rei Shuddhodana a fim de proteger Siddhartha. Quando percebeu que as yogas ascéticas não trariam o fim do sofrimento, Siddhartha abandonou este estilo de vida. Subitamente, ele compreendeu que o hedonismo e o ascetismo são dois extremos; nem a vida palaciana nem a vida ascética poderiam pôr um fim ao sofrimento. O ideal é seguir um caminho intermediário, o caminho do meio, o caminho do despertar.
Uma jovem pastora chamada Sujata, filha de um importante aldeão de Uruvilva, viu Siddhartha meditando e pensou que ele fosse alguma divindade da floresta. Então, ela lhe ofereceu leite e arroz em um recipiente de ouro. Algumas tradições também citam uma segunda pastora, Radha, que também teria oferecido alimentos a ele.



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A ILUMINAÇÃO



Os cinco ascetas acharam que Siddhartha tinha abandonado sua busca pela iluminação e partiram sozinhos para o Parque das Gazelas em Sarnath, Varanasi (atualmente chamada Benares). Siddhartha foi para uma região conhecida como Círculo da Iluminação em Bihar, onde os iluminados do passado atingiram o despertar. Próximo ao rio, voltado para a direção leste, Siddhartha sentou-se em meditação sobre um monte de grama, protegido pela sobra da figueira de bodhi. Ele jurou para si mesmo que só se levantaria após atingir a iluminação.
Durante sua permanência ali, sua mente foi assolada por vários tipos de sentimentos e sensações perturbadoras, mas mantendo o equilíbrio interior, continuou a meditar. Primeiro, Siddhartha lembrou-se de suas incontáveis vidas passadas; depois, ele viu o processo de renascimento de todos os seres; finalmente, ele alcançou a verdade última de todos os fenômenos.
No 8º dia do 12º mês lunar de 528 a.C., aos 35 anos de idade, Siddhartha realizou sua própria natureza búdica e, conseqüentemente, compreendeu o sofrimento, sua causa, sua extinção e o meio para extingui-lo. Siddhartha alcançou a iluminação, e passou a ser conhecido como o Iluminado, o Desperto (sânsc. Buddha), o Sábio dos Shakyas (sânsc. Shakyamuni).
Durante mais 7 dias de meditação, o Budha se preparou para propagar ao mundo pelo resto de sua vida, os ensinamentos (sânscr. Dharma) que teriam como objetivo, ensinar o caminho da iluminação às outras pessoas.
Buddha Shakyamuni pensou em instruir seus antigos professores, mas, com sua visão interior, percebeu que eles já tinham falecido. Então, Buddha decidiu procurar os cinco ascetas que tinham partindo para Sarnath, o Parque das Gazelas em Isitapana, próximo a Varanasi.
Lá estavam praticando o ascetismo, quase morrendo de fome. Num primeiro momento, os ascetas não queriam conversar com o "renegado que trocou o ascetismo por uma tigela de caldo de arroz". Mas quando o Buddha se aproximou, eles perceberam a presença de um ser iluminado e se curvaram diante dele com profundo respeito.
O asceta Ajnata Kaundinya (páli Anna Kaudanya) foi o primeiro a aceitar o ensinamento do Buddha Shakyamuni, sendo seguido pelos outros quatro ascetas. Algum tempo depois, o leigo Yasa (um jovem muito rico) tornou-se seu discípulo, assim como seu pai, sua mãe e sua esposa. Em três meses, o Buddha reuniu sessenta discípulos, que foram instruídos e enviados a várias direções para transmitir seus ensinamentos. Kashyapa, ex-sacerdote da seita dos Jatilas (adoradores do fogo), também decidiu abandoná-la para seguir Shakyamuni, que viajava constantemente pelo vale do Ganges, atraindo milhares e milhares de discípulos. Ele passou muito tempo expondo o Dharma em cidades como Vaishali, Rajagriha (capital do reino de Magadha) e Shravasti (capital do reino de Koshala). Os ensinamentos do Buddha não se restringiam aos campos religioso e filosófico. Por exemplo, Shakyamuni não aceitava a estrutura social indiana, que discriminava as pessoas em diferentes castas. De acordo com o Buddha, não há castas "superiores" ou "inferiores" porque todos os seres têm a mesma natureza. Ele também criticou as doutrinas fatalistas que permitiam o abuso de autoridade por parte dos brâmanes, assim como também questionou  os costumes sociais, políticos e religiosos daquela época. Buddha rejeitava completamente o sacrifício de animais para os deuses e, em seu lugar, pregou a prática da bondade amorosa, da compaixão e da não-violência. Ele era conhecido não apenas pela sua grande compaixão, mas também pela sua disciplina severa.



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A MORTE


Continuou ensinando e chegou aos 80 anos saudável e sem nunca desviar-se do caminho a que se tinha proposto. Certa vez, ao chegar numa aldeia, foi convidado para um almoço oferecido pelo ferreiro local. Apesar das poucas posses do homem, todos podiam notar que ele havia se esmerado para proporcionar ao Budha o melhor que suas posses lhe permitiam. Dentre os pratos oferecidos, havia um leitão assado, e ao sentir o seu gosto, o Iluminado percebeu que a carne já estava estragada. Sem hesitar, pediu a atenção de todos e solicitou uma deferência especial por parte do anfitrião. Disse que pelo esmero com que aquele prato foi preparado, permitia-se um capricho, o de que ninguém mais dele se servisse, devendo o mesmo ser enterrado, assim que ele terminasse sua refeição.
Desse modo, o Buddha não apenas evitou que o seu humilde anfitrião fosse envergonhado perante a população, mas também preservou a saúde de todos que ali estavam. Mesmo sabendo que aquele gesto havia selado seu destino.
Após muitas horas de uma dor aguda, ele pediu a Ananda um leito virado para o norte, entre duas árvores sala. Todos os discípulos estavam apreensivos, e Ananda chorava amargamente. Buddha chamou-o e disse docemente: "Ananda, seus méritos acumulados são incomensuráveis; você alcançará em breve a Bem-aventurança. Seu choro é inútil. Tudo o que nasceu está sujeito à morte, portanto dediquem-se com energia ao trabalho de emancipação final".
O Desperto pediu a Ananda para ir ter com os Reis Malla e relatar seu eminente passamento. Os Reis choraram muito, e foram com suas famílias até o local onde o Buddha se encontrava. Ao se aproximarem, fizeram mesuras honrosas. Ele explicou-lhes novamente as Quatro Nobres Verdades e o Caminho Óctuplo. Então pediu a Ananda e seus discípulos para não se entristecerem. Mas Ananda ainda chorava, pensando: "Não teremos mais o Mestre, após a sua morte". O Buddha disse: "Que o Dharma seja vosso Mestre!" O Buddha pediu aos discípulos para levantarem naquele momento suas dúvidas, de forma que ele pudesse explicar, mas todos permaneceram calados. Ele aconselhou aos monges diligência e fé. "Tudo que é composto, decompõe-se. Entro agora no Nirvana". No 7º dia do 6º mês lunar (ou 15º dia do 2º mês lunar) de 483 a.C., depois de proferir suas palavras finais, o Buddha Shakyamuni entrou em um estado de profunda meditação e alcançou a suprema paz (sânscrito - nirvana), a liberação final (sânscrito - parinirvana), no bosque das árvores shala em Kushinagara.



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BUDISMO




Estátua monumental de Buda em Kamakura


É um conjunto de crenças e práticas considerada por muitos uma religião, baseada nos ensinamentos atribuídos a Siddhartha Gautama, comumente conhecido como "O Buda" (o Iluminado), que nasceu onde hoje é o Nepal. Ele viveu e ensinou na região nordeste do subcontinente Indiano e provavelmente veio a falecer cerca de 400 a.C



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ENSINAMENTOS E DOUTRINA


Os ensinamentos básicos do budismo são: evitar o mal, fazer o bem e cultivar a própria mente. O objetivo é o fim do ciclo de sofrimento, samsara, despertando no praticante o entendimento da realidade última - o Nirvana. O ponto de partida do budismo é a percepção de que o desejo causa inevitavelmente a dor. Deve-se portanto eliminar o desejo para se eliminar a dor. Com a eliminação da dor, se atinge a paz interior, que é sinônimo de felicidade.
A moral budista é baseada nos princípios de preservação da vida e moderação. O treinamento mental foca na disciplina moral (sila), concentração meditativa (samadhi), e sabedoria (prajña). Apesar do budismo não negar a existência de seres sobrenaturais (de fato, há muitas referências nas escrituras Budistas), ele não confere nenhum poder especial de criação, salvação ou julgamento a esses seres, não compartilhando da noção de Deus comum às religiões abraâmicas (judaísmo, cristianismo e islamísmo). A base do budismo é a compreensão das Quatro Nobres Verdades, ligadas à constatação da existência de um sentimento de insatisfação (Dukkha) inerente à própria existência, que pode no entanto ser transcendido através da prática do Nobre Caminho Óctuplo.Outro conceito importante, que de certa forma sintetiza a cosmovisão budista, é o das três marcas da existência: a insatisfação (Dukkha), a impermanência (Anicca) e a ausência de um "eu" independente (Anatta).
A flor de lótus e a cruz suástica são símbolos do Budismo (ver simbologia budista).



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ESCOLAS


O budismo dividiu-se em várias escolas, das quais algumas vieram a se extinguir. A principal divisão atualmente existente é entre a escola Theravada e as linhagens Mahayana e Vajrayana. As escolas numericamente mais expressivas na atualidade são:
-Theravada, estabelecida no sudeste asiático;
-Zen japonês e Chan chinês, escolas com ênfase na meditação . Alguns estudiosos consideram estas escolas como uma linhagem Mahayana. Outros, no entanto, dizem que, pela ênfase ser diferente, e pelo Zen/Chan ser "descendentes" também do Taoísmo, devem ser considerados uma escola à parte;
-as escolas japonesas devocionais da Terra Pura (Jodo Shu) e Verdadeira Terra Pura (Jodo Shinshu), todas Mahayana;
-escolas ligadas ao Grande Mestre Nitiren, como o Budismo Primordial HBS (Honmon Butsuryu-Shu), Soka Gakkai, Nitiren Shu, seguemtodas a linhagem Mahayana;
-as escolas tântricas do Budismo tibetano (Nyingma, Kagyu, Gelug, Sakya) que fazem parte da linhagem Vajrayana.
Há muita polêmica e confusão no ocidente em torno do budismo, devido principalmente à falta de informação correta. Muitos movimentos esoteristas e sincréticos procuram se apresentar como "verdadeiros budismos", "adaptações para o Ocidente", etc. Freqüentemente questiona-se quanto ao budismo ser ou não uma religião (por não aceitar a existência de um deus criador do mundo).



ORIGENS




Buda na ilha de Lantau em Hong Kong



O budismo formou-se no nordeste da Índia, entre o século VI a.C. e o século IV a.C. Este período corresponde a uma fase de alterações sociais, políticas e econômicas nesta região do mundo. A antiga religiosidade bramânica, centrada no sacríficio de animais, era questionada por vários grupos religiosos, que geralmente orbitavam em torno de um mestre.
Um destes mestres religiosos foi Siddhartha Gautama, o Buda, cuja vida a maioria dos académicos ocidentais e indianos situa entre 563 a.C. e 483 a.C., embora os académicos japoneses consideram mais provável a data 448 a.C. 368 a.C.. Siddhartha nasceu na povoação de Kapilavastu, que se julga ser a aldeia indiana de Piprahwa, situada perto da fronteira indo-nepalesa. Pertencia à casta guerreira (ksatriya).
Várias lendas posteriores afirmam que Siddhartha viveu no luxo, tendo o seu pai se esforçado por evitar que o seu filho entrasse em contacto com os aspectos desagradáveis da vida. Por volta dos 29 anos, o jovem Siddhartha decidiu abandonar a sua vida, renunciando a todos os bens materiais, e adaptando a vida de um renunciante. Praticou o ioga (numa forma que não é a mesma que é hoje seguida nos países ocidentais), e seguiu práticas ascéticas extremas, mas acabou por abandoná-las, vendo que não conseguia obter nada delas. Segundo a tradição, ao fim de uma meditação sentado debaixo de uma figueira, descobriu a solução para a libertação do ciclo das existências e das mortes que o atormentava.Pouco depois decidiu retomar a sua vida errante, tendo chegado a um bosque perto de Benares, onde pronunciou um discurso religioso diante de cinco jovens, que convencidos pelos seus ensinamentos, se tornaram os seus primeiros discípulos e com que que formou a primeira comunidade monástica (sangha). O Buda dedicou então o resto da sua vida (talvez trinta ou cinquenta anos) a pregar a sua doutrina através de um método oral, não tendo deixado quaisquer escritos.



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PRINCIPAIS DOUTRINAS

AS QUATRO NOBRES VERDADES


Um dos principais ensinamentos do Buda é aquele que é o conhecido como as Quatro Nobres Verdades. Ele constitui a base de todas as escolas budistas.
Buda expôs as Quatro Nobres Verdades no Dhammacakkapavattana Sutta (Samyutta Nikaya LVI.11) da seguinte forma:
A primeira nobre verdade: "(...) esta é a nobre verdade do sofrimento: nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimento; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que queremos é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento.(...)"
A segunda nobre verdade: "(...) esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir.(...)"
A terceira nobre verdade: "(...) esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele.(...)"
A quarta nobre verdade: "(...) esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.(...)"



O NOBRE CAMINHO ÓCTUPLO


Tem sido sugerido que a forma de exposição da doutrina das "Quatro Nobres Verdades" segue um padrão que se assemelha ao do diagnóstico de uma doença: depois de ter apontado as origens do mal, o Buda mostrou um remédio que leva à cessação desse mal. Esse "remédio" é conhecido como o "Nobre Caminho Óctuplo" (em sânscrito: Astingika-Marga), e deve ser adoptado pelos budistas. Consiste, de acordo com o Magga-vibhanga Sutta(Samyutta Nikaya XLV.8), em:
Visão ou Entendimento correcto: "(...)E o que é o entendimento correto? Compreensão do sofrimento, compreensão da origem do sofrimento, compreensão da cessação do sofrimento, compreensão do caminho da prática que conduz à cessação do sofrimento. A isto se chama entendimento correto.(...)"
Intenção ou Pensamento correcto: "(...)E o que é pensamento correto? O pensamento de renúncia, o pensamento de não má vontade, o pensamento de não crueldade. A isto se chama pensamento correto.(...)"
Palavra ou Linguagem correcta: "(...)E o que é a linguagem correta? Abster-se da linguagem mentirosa, da linguagem maliciosa, da linguagem grosseira e da linguagem frívola. A isto se chama linguagem correta.(...)"
Actividade ou Acção correcta: "(...)E o que é ação correta? Abster-se de destruir a vida, abster-se de tomar aquilo que não for dado, abster-se da conduta sexual imprópria. A isto se chama de ação correta.(...)"
Modo de vida correcto: "(..)E o que é modo de vida correto? Aqui um nobre discípulo, tendo abandonado o modo de vida incorreto, obtém o seu sustento através do modo de vida correto. A isto se chama modo de vida correto.(...)"
Esforço correcto: "(...)E o que é esforço correto? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu gera desejo para que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (ii) Ele gera desejo em abandonar estados ruins e prejudiciais que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (iii) Ele gera desejo para que surjam estados benéficos que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (iv) Ele gera desejo para a continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. A isto se denomina esforço correto.(...)"
Atenção correcta: "(...)E o que é atenção plena correta? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu permanece focado no corpo como um corpo - ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. (ii) Ele permanece focado nas sensações como sensações – ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. (iii) Ele permanece focado na mente como mente - ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. (iv) Ele permanece focado nos objetos mentais como objetos mentais - ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. A isto se denomina atenção plena correta.(...)"
Concentração correcta: "(...)E o que é concentração correta? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. (ii) Abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da concentração. (iii) Abandonando o êxtase, um bhikkhu entra e permanece no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres declaram: ‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’ (iv) Com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a equanimidade purificadas. A isto se denomina concentração correta.."


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COSMOLOGIA

A cosmologia budista considera que o universo é composto por vários sistemas mundiais, sendo que cada um destes possui um ciclo de nascimento, desenvolvimento e declínio que dura bilhões de anos.
Num sistema mundial existem seis reinos que por sua vez incluem vários níveis, num total de trinta e um.
O reino dos infernos situa-se na parte inferior. A concepção do inferno budista é diferente da concepção cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de permanência eterna nem o renascimento nesse local é o resultado de um castigo divino; os seres que habitam no inferno libertam-se dele assim que o mau karma que os conduziu ali se esgota. Por outro lado, o budismo considera que existem não apenas infernos quentes, mas também infernos frios.
Acima do reino dos infernos pelo lado esquerdo encontra-se o reino animal, o único dos vários reinos perceptível aos humanos e onde vivem as várias espécies.
Acima do reino dos infernos pelo lado direito encontra-se o mundo dos espíritos ávidos ou fantasmas (preta). Os seres que nele vivem sentem constantemente sede ou fome sem nunca terem estas necessidades saciadas. A arte budista representa os habitantes deste reino como tendo um estômago do tamanho de uma montanha e uma boca minúscula.
O reino seguinte é o dos Asura (termo traduzido como "Titãs" ou dos antideuses). Os seus habitantes ali nasceram em resultado de acções positivas realizadas com um sentimento de inveja e competição e vivem em guerra constante com os deuses.
O quinto reino é o dos seres humanos. É considerado como um reino de nascimento desejável, mas ao mesmo tempo difícil. A vida enquanto humano é vista como uma via intermédia nesta cosmologia, sendo caracterizada pela alternância das alegrias e dos sofrimentos, o que de acordo com a perspectiva budista favorece a tomada de consciência sobre a condição samsárica.
O último reino é o dos deuses (deva) e é composto por vários níveis ou residências. Nos níveis mais próximos do reino humano vivem seres que devido à prática de boas acções levam uma acção harmoniosa. Os níveis situados entre o vigésimo terceiro e o vigésimo sétimo são denominados como "Residências Puras", sendo habitadas por seres que se encontram perto de atingir a iluminação e não voltarão a renascer como humanos.



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ESCRITURAS




Edição do Cânone Pali



Buda não deixou nada escrito. De acordo com a tradição budista, ainda no próprio ano em que o Buda faleceu teria sido realizado um concílio na cidade de Rajaghra onde discípulos do Buda recitaram os ensinamentos perante uma assembleia de monges que os transmitiram de forma oral aos seus discípulos. Porém, a historicidade deste concílio é alvo de debate: para alguns este relato não passa de uma forma de legitimação posterior da autenticidade das escrituras.
Por volta do século I a.C. os ensinamentos do Buda começaram a ser escritos. Um dos primeiros lugares onde se escreveram esses ensinamentos foi no Sri Lanka, onde se constitui o denominado Cânone Pali. O Cânone Pali é considerado pela tradição Theravada como contendo os textos que se aproximam mais dos ensinamentos do Buda. Não existem contudo no budismo um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão que seja igual para todos os crentes; para além do Cânone Pali, existem outros cânones budistas, como o chinês e o tibetano.
O canône budista divide-se em três grupos de textos, denominado "Triplo Cesto de Flores" (tipitaka em pali e tripitaka em sânscrito):

Sutra Pitaka: agrupa os discursos do Buda tais como teriam sido recitados por Ananda no primeiro concílio. Divide-se por sua vez em vários subgrupos;

Vinaya Pitaka: reúne o conjunto de regras que os monges budistas devem seguir e cuja transgressão é alvo de uma penitência. Contém textos que mostram como surgiu determinada regra monástica e fórmulas rituais usadas, por exemplo, na ordenação. Estas regras teriam sido relatadas no primeiro concílio por Upali;

Abhidharma Pitaka: trata do aspecto filosófico e psicológico contido nos ensinamentos do Buda, incluindo listas de termos técnicos.
Quando se verificou a ascensão do budismo Mahayana esta tradição alegou que o Buda ensinou outras doutrinas que permaneceram ocultas até que o mundo estivesse pronto para recebê-las; desta forma a tradição Mahayana inclui outros textos que não se encontram no Theravada.


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DIFUSÃO DO BUDISMO

ÍNDIA



Estátua de Buda no Templo Mahabodhi em Bodh Gaya - Índia


A partir do seu local de nascimento no nordeste indiano, o budismo espalhou-se para outras partes do norte e para o centro da Índia. Durante o reinado do imperador mauria Asoka, que se converteu ao budismo e que governou uma área semelhante à da Índia contemporânea (com excepção do sul), esta religião consolidou-se. Após ter conquistado a região de Kalinga pela força, Asoka decidiu que a partir de então governaria com base nos preceitos budistas. O imperador ordenou a construção de hospedarias para os viajantes e que fosse proporcionado tratamento médico não só aos humanos, mas também aos animais. O rei aboliu também a tortura e provavelmente a pena de morte. A caça, desporto tradicional dos reis, foi substituído pela peregrinação a locais budistas. Apesar de ter favorecido o budismo, Asoka revelou-se também tolerante para com o hinduísmo e o jainismo.
Asoka pretendeu também divulgar o budismo pelo mundo, como revelam os seus éditos. Segundo estes foram enviados emissários com destino à Síria, Egipto e Macedónia (embora não se saiba se chegaram aos seus destinos) e para oriente para um terra de nome Suvarnabhumi (Terra do Ouro) que não se conseguiu identificar com segurança.
O império mauria chegou ao fim em finais do século II a.C. A Índia foi então dominada pelas dinastia locais dos Sunga (c.185-173 a.C.) e dos Kanva (c.73-25 a.C.), que perseguiram o budismo, embora este conseguisse prevalecer. Perto do início da era actual o noroeste da Índia foi invadido pelos Citas que formariam a dinastia dos Kuchans. Um dos mais importantes reis desta dinastia, Kanishka (c. 127-147), foi um grande proselitista do budismo.
Durante a era da dinastia Gupta (320-540) os monarcas favorecem o budismo, mas também o hinduísmo. Em meados do século VI, os Hunos Brancos oriundos da Ásia Central, invadem o noroeste da Índia, provocando a destruição de inúmeros mosteiros budistas. A partir de 750 a dinastia Pala governou no nordeste da Índia até ao século XII, apoiando os grandes centros monásticos budistas, entre os quais o de Nalanda. Contudo, a partir do século XII o budismo entra num declínio definitivo devido a vários factores. Entre estes encontravam-se o revivalismo hindu que se manifestou com figuras como Adi Shankara e pelas invasões dos muçulmanos do século XII e XIII. Embora o budismo tenha passado por uma verdadeira renovação a partir de 1959, ano em que o Dalai Lama escolhe o exílio, ele parece quase ausente da Índia, a ponto de termos, muitas vezes, de seguir turistas estrangeiros para localizar os lugares santos de antigamente. Nesse percurso, ao longo dos séculos, o budismo suscitou desvios.



SRI LANKA E SUDESTE DA ÁSIA


Wat Mahathat, Sukhothai - Tailândia

A tradição cingalesa atribui a introdução do budismo no Sri Lanka ao monge Mahinda, filho de Asoka, que teria chegado à ilha em meados do século III a.C. acompanhado por outros missionários. Este grupo teria convertido ao budismo o rei Devanampiya Tissa e grande parte da nobreza local. O rei ordenou a construção do Mahavihara ("Grande Mosteiro" em pali) na então capital do Sri Lanka, Anuradhapura. O Mahavihara foi o grande centro do budismo Theravada na ilha nos séculos seguintes.
Foi no Sri Lanka que por volta do ano 80 a.C. se redigiu o Cânone Pali, a colectânea mais antiga de textos que reflectem os ensinamentos do Buda. No século V d.C. chegou à ilha o monge Buddhaghosa que foi responsável por coligir e editar os primeiros comentários feitos ao Cânone, traduzindo-os para o pali.
Na Tailândia o budismo lançou raízes no século VII nos reinos de Dvaravati (no sul, na região da actual Banguecoque) e de Haripunjaya (no norte, na região de Lamphun), ambos reinos da etnia Mon. No século XII o povo Tai, que chegou ao território vindo do sudoeste da China, adoptou o budismo Theravada como a sua religião.
A presença do budismo na Península Malaia está atestada desde o século IV d.C., assim como nas ilhas de Java e Sumatra. Nestas regiões verificou-se um sincretismo entre o budismo Mahayana e o xivaísmo, que está ainda hoje presente em locais como a ilha de Bali. Entre o século VII e o século IX a dinastia budista dos Xailendra governou partes da Indonésia e a Península Malaia, tendo sido responsável pela construção do Borobodur, uma enorme stupa que é o maior monumento existente no hemisfério sul. O islão chegou à Indonésia no século XIV trazido pelos mercadores, acabando por substituir o budismo como religião dominante. Actualmente o budismo é principalmente praticado pela comunidade chinesa da região.



CHINA


Pintura nas grutas de Bezeklik oeste da China retratando monges budistas


A tradição atribui a introdução do budismo na China ao imperador han Ming-Ti. Este imperador teve um sonho no qual viu um ser voador dourado, interpretado como uma visão do Buda, e ordenou que fossem enviados emissários à Índia para que trouxessem a doutrina.
Independentemente da tradição, o budismo só se espalhou na China nos séculos V e VI com o apoio da dinastia Wei e Tang. Durante este período estabelecem-se na China escolas budistas de origem indiana ao mesmo tempo que se desenvolvem escolas próprias chinesas.



CORÉIA E JAPÃO




Kanji japonês para "Zen" budistas



O budismo penetrou na Coréia no século IV. Nesta altura a Coréia não era um território unificado, encontrando-se dividida em três reinos rivais: o reino de Koguryo, no norte, o reino de Paekche, no sudoeste e o reino de Silla, no sudeste. Estes três reinos reconheceriam o budismo como religião oficial, tendo sido primeiro a fazê-lo Paekche (384), seguindo-se o Koguryo (392) e Silla (528). Em 668 o reino de Silla unificou a Coréia sob o seu poder e o budismo conheceu uma era de desenvolvimento. Foi neste período que viveu o monge Wonhyo Daisa (617-686), que tentou promover um budismo do qual fizessem parte elementos de todas as seitas. No século VIII foi difundido na Coréia o budismo da escola chinesa Chan, que teve desenvolvimentos próprios na Coréia com o nome de son (ou seon) e que se tornou a escola dominante.
O budismo continuou a florescer durante a era Koryo (935-1392), até que a dinastia Li (1392-1910) favoreceu o confucionismo.
A partir da Coréia e da China o budismo foi introduzido no Japão em meados do século VI. Em 593 o princípe Shotoku declarou-o como religião do Estado, mas o budismo foi até à Idade Média um movimento ligado à corte e a aristocracia sem larga adesão popular (os missionários coreanos tinham apresentado à corte japonesa o budismo como elemento de protecção nacional). Durante a era Nara (710-794) Héian (794-1185) desenvolveram-se várias seitas. São deste último período a escola Shingon e Tendai. Durante a era Kamakura (1185-1333) o budismo populariza-se finalmente com as escolas Terra Pura, Nitiren Daishonin e Zen.



TIBETE




Deus Iamaísta da fortuna

No Tibete o budismo propagou-se em dois momentos diferentes. O rei Srong-brtsan-sgam-po (c.627-c.650), influenciado pelas suas duas esposas budistas, decidiu mandar chamar ao Tibete monges indianos para ali difundirem a religião. Durante o reinado de Khri-srong-lde-btsan construiu-se o primeiro mosteiro budista tibetano e em 747 chegou ao território o notável monge indiano Padmasambhava, que organizou o budismo tibetano. Contudo, uma reacção hostil da religião indígena, o Bon, levaria à supressão do budismo nos dois séculos seguintes.
O budismo seria reintroduzido no Tibete a partir do século XI, com a ajuda do monge indiano Atisa que chegou ao território em 1042. Com o passar do tempo formaram-se quatro escolas: Sakyapa, Kagyupa, Nyingmapa e Gelugpa. Em 1578 membros desta última escola converteram o mongol Altan Khan à sua doutrina. Alta Khan criou o título de Dalai Lama, que concedeu ao líder da escola Gelugpa. Em 1641, com ajuda dos Mongóis, o quinto Dalai Lama derrotou o último príncipe tibetano e tornou-se o líder temporal do Tibete. Os seguintes dalai lamas foram na prática os governantes do Tibete até à invasão chinesa. O quinto dalai lama criou cargo de Panchen-lama, que reside no mosteiro de T-shi-lhum-po e que foi visto como uma encarnação do Amitabha.


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